Por que é importante se vacinar durante a gravidez?

Uma vez descoberta a gravidez, começam a surgir diversas dúvidas e preocupações na cabeça da futura mamãe, principalmente em relação à saúde não somente dela, mas principalmente do bebê. Mas, infelizmente, por conta da falta de informações e outras limitações, muitas mulheres acabam negligenciando um cuidado de extrema importância: a vacinação. Ocorre de algumas terem medo de sofrer reações, acharem que vão pegar a doença e que vão passar para o bebê. Outras ficam com receio de faltar ao trabalho para ir ao posto de saúde.

Situações como essas levaram o Brasil a atingir uma cobertura vacinal de apenas 59% das gestantes, no ano passado, no caso da vacina DTPA, conforme dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). A vacina serve para proteger contra três doenças: difteria, tétano e coqueluche, sendo esta de alto poder de transmissão. Uma pessoa infectada pode passar a doença respiratória para cerca de 12 a 17 pessoas. Com propagação rápida e ampla, a cobertura vacinal da coqueluche deve ser de, no mínimo, 95% da população para se obter um controle.

As gestantes estão no grupo prioritário da vacinação, não só de DTPA, mas também de Influenza e Hepatite B, segundo recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e do Ministério da Saúde, que concretiza isso por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Essas instituições chegaram a conclusão dessa prioridade graças às pesquisas que mostram que a imunização materna, ou seja, a vacinação durante a gravidez, tem o potencial de proteger a gestante, o feto e o neonato de doenças preveníveis por vacinação.

Apesar da importância de se vacinar, ainda existem pessoas que acreditam em fake news (notícias falsas, boatos) que vão contra as vacinas ou que simplesmente não reconhecem essa necessidade. Mas o fato é que, com exceção da água potável, nenhuma outra modalidade, nem mesmo os antibióticos, tem demonstrado tanto efeito na redução da mortalidade e no crescimento populacional quanto as vacinas, conforme informado pela farmacêutica Ana Medina, que palestrou no Fórum Vacinas nas Gestantes, em junho, em Cuiabá.

O evento foi promovido pela fabricante de medicamentos e vacinas GSK para 300 profissionais da atenção básica da Secretaria de Saúde de Cuiabá. Em sua maioria, o público era composto de enfermeiras e médicos que atendem nos postos de saúde da capital. Laurinha, meu marido e eu fomos de curiosos e aprendemos muito!

Na palestra, foram apresentados números que comprovam a relevância das vacinas. Um exemplo é que o Brasil reduziu em 67,7% a mortalidade em crianças menores de 5 anos, de 1990 até 2015. No caso do tétano neonatal, doença evitada com a vacina DTPA, os casos de mortes de recém-nascidos caíram de 800 mil, em 1998, para 34 mil, em 2015, o que representa uma redução de 96%, graças a programas de imunizações promovidos pelos governos no mundo todo.

Por que grávidas formam grupo prioritário de vacinas?

As vacinas em gestantes são mais importantes do que nas demais pessoas porque elas formam um grupo mais vulnerável às doenças infectocontagiosas. Para se ter uma ideia, em 2015, no Brasil, 94,3% dos óbitos, entre os casos confirmados de coqueluche, foram concentrados em crianças menores de 6 meses.

Quando a grávida toma as vacinas recomendadas (a partir da 20ª semana) ela passa os anticorpos para o feto por meio da placenta e o bebê fica com a proteção até os 6 meses de vida, quando ele vai completar todas as doses da VIP/VOP, rotavírus, pneumocócica e penta.

Vale lembrar que mesmo iniciando o calendário dessas vacinas aos 2 meses de idade, os bebês de até 6 meses são os mais vulneráveis porque ainda não tomaram todas as doses, ou seja, não produziram os anticorpos necessários. Daí a importância de terem recebido da mãe essa proteção, ao longo da gestação.

No caso da DTPA, como o governo brasileiro não vinha atingindo as metas de imunização das grávidas no período ideal, que é entre a 27ª e 36ª semana de gestação, a partir de 2017, passou-se a fazer a vacina a partir da 20ª semana de gravidez até 45 dias após o parto (puerpério). Dessa forma, a proteção passa para o bebê através da amamentação.

Mas é bom lembrar que a vacina só faz efeito após 15 dias, então, é melhor que se vacine ainda grávida para que seu bebê já venha ao mundo protegido. Também é importante que as mulheres saibam que a DTPA é uma vacina que deve ser tomada a cada gestação, ou seja, se você engravidar 5 vezes, terá que tomar uma dose a cada gestação para que todos os seus filhos estejam a salvo da difteria, do tétano e da coqueluche.

Calendário vacinal das gestantes

As três vacinas recomendadas para grávidas pela OMS (DTPA, Hepatite B e Influenza) estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e existem campanhas periódicas para conscientizar as mulheres dessa necessidade de proteção.

Existem outras vacinas recomendas para grávidas apenas em situações especiais (como Hepatite A e B, pneumocócicas e meningocócicas) que não estão disponíveis pelo SUS, mas pela rede privada sim. A exceção é a vacina da febre amarela, que está disponível nas duas redes. No entanto, essas vacinas somente serão necessárias em casos específicos, a serem analisados pelo médico que acompanha a gestante. Dentre os fatores, contam a região, a época, se há ocorrência de epidemia, entre outros que devem entrar na balança do risco-benefício.

É bom destacar também que existem as vacinas contraindicadas para grávidas e lactantes, que são: tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), HPV, varicela (catapora) e dengue. Uma das explicações para essa contraindicação é que, diferentemente da maioria das vacinas, essas têm componentes vivos.

No site da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) você pode conferir uma tabela com as informações sobre esse calendário vacinal das gestantes. Para acessar, clique aqui.

Por que ainda há quem não se vacina?

Coordenador dos programas estratégicos da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, Wellington Assunção Ferreira confirmou ao blog que apesar de todas as gestantes acompanhadas pelos médicos da rede pública receberam a orientação para tomar as vacinas, que estão disponíveis em todos os postos de saúde, ainda existe dificuldade em atingir cobertura ampla desse grupo prioritário.

“Ainda não temos a adesão que a gente espera porque ainda não há esse interesse da grande massa das gestantes. Uma boa parte procura sim, mas uma grande parte não detém esse conhecimento e preferem se vacinar depois, pensando que, às vezes, por se vacinar durante a gestação, pode ter algum risco pro bebê. O que ocorre, na verdade, é o contrário, quando você se vacina durante a gestação, você também está passando imunidade pro seu bebê”, explica.

Questionado se existe alguma possibilidade da rede pública ampliar os horários de atendimento dos postos de saúde para que aquelas mulheres que trabalham no mesmo horário de funcionamento dos postos possam ir se imunizar, sem ter que faltar ao trabalho, já que esse é um dos motivos pelos quais muitas grávidas deixam de se vacinar (foi o meu caso), o gestor afirma que é direito de todos se vacinarem e levarem atestado ao trabalho.

“A questão da vacinação é um direito de todas as pessoas que estão enquadradas no calendário vacinal, seja criança ou gestante. Então, eu sempre oriento as pessoas: Vá na unidade de saúde pra vacinar e pegue o comprovante. Com esse comprovante você pode justificar no seu trabalho. A própria carteira de vacinação é um comprovante de que você recebeu a vacina, porém, algumas empresas não aceitam aquilo ali apenas. O enfermeiro que te atendeu pode fazer uma declaração de comparecimento na unidade”, orienta.

*Pessoal, deixem nos comentários o que vocês acharam desse conteúdo, se já passaram por alguma situação citada na matéria, enfim, vamos fazer deste blog um espaço colaborativo! Ah! E não deixem de acompanhar porque, em breve, vai ter matéria sobre vacinas nos bebês.