E na noite de Natal, que eu fiz questão de não comprar presente pra Laura (1) porque ela não está precisando de nada, (2) porque não quero que ela alie a ideia dessa data com o consumo, eis que foi ela quem nos presenteou com algo mais encantador e emocionante do que qualquer bem material.
Eu estava na cozinha, preparando a jantinha dela, Laura brincando na sala, sob os cuidados do papai Joni, que está impressionado com o fato dela já se movimentar de um lado para o outro, andando se segurando nos móveis. Ela já faz isso há algumas semanas, mas como ele anda viajando muito, só foi perceber agora, mesmo eu contando e enviando vídeos.
Pra mim, não era nada de novo, então, continuei amassando o arroz com feijão e desfiando um franguinho pra Laura comer. Enquanto Joni ficava falando que “essa menina vai andar logo logo”, eu concordava e continuava meus afazeres.
Até que, de repente, ele grita: “Celly! Celly! Ela andou!”. Eu fui rápido pra sala. Joni me contou que Laura deu três passinhos sem se segurar em nada do sofá até o climatizador, onde ela gosta de ficar escorada pra pegar um vento.
Eu queria ver também e fiquei numa distância pequena a chamando pra ver se ela andava de novo. E ela veio! Deu três passinhos rápidos na minha direção, até que eu a peguei no colo feliz da vida, sorrindo e a joguei pro alto umas três vezes, de tanta felicidade. Ela também ficou feliz e sorridente. Eu comecei a chorar de alegria, enquanto abraçava e beijava minha filha de 10 meses e 25 dias.
Naquele momento, meio que passou um filme na minha cabeça. Como é louco ver essa criança se desenvolvendo tão rápido! Parece que foi ontem que ela nasceu… E já está começando a caminhar sozinha, trilhando seu destino, já mostrando personalidade forte. Eu chorei de emoção, sim. Eu nunca imaginei como seria esse momento e ele foi maravilhoso! Quanto orgulho senti da minha bebê!!
Eu ainda fiquei um tempo com lágrimas escorrendo no meu rosto, enquanto falava pro Joni contar a novidade pra mãe dele, eu enviava a mensagem pro grupo dos meus irmãos e do Supermães.
A gente jantou, ficou sentado no sofá olhando fotos da Laura desde quando ela nasceu, tomamos banho e fomos dormir. A Laura ainda ficou brincando e tagarelando na língua de bebê. O Joni achou engraçado e eu disse que ela fala na língua dos anjos. Daí veio na minha cabeça a música do Legião Urbana e comecei a cantar para a Laura.
Ela começou a mamar antes de dormir e, de novo, passou um filme na minha cabeça. A música, que fala da grandeza que é o amor, me fez pensar na minha história com a Laura. Lembrei do dia em que ela nasceu. Naquele momento, eu acho que ainda não sentia amor por ela. Ela foi para a UTI, eu fiquei preocupada, eu tentei me alimentar para me recuperar da quase hemorragia que sofri e poder amamentá-la quando ela voltasse, mas, dúvidas sobre o futuro também ficavam rondando a minha mente e insistiam em me lembrar de que eu não queria ser mãe.
Mas, por sorte (vá entender) eu estava tão mal que me preocupei mais em ficar boa, em conseguir comer e tomar banho, em me livrar daquela tontura e fraqueza. Eu estava um pouco melhor quando, no final da tarde, a Laura chegou da UTI e eu pude pegá-la no colo com calma, olhar pro rostinho vermelho dela, amamentá-la. Eu chorei naquele momento.
Mas a Celly de antes da maternidade insistia em ficar. A noite, eu ainda com pensamentos de negação, sem conseguir dormir direito. Até que a Laura, no moises ao lado da minha cama, acordou chorando e eu a peguei no colo e ofereci peito. Mas ela não queria mamar. Ela só queria o meu colo, meu calor.
Isso aconteceu umas duas vezes durante a madrugada. Até que eu fiquei acordada, deitada virada pra ela e chorando, percebendo que ela me amava e me queria porque dava aquele chorinho pedindo meu colo e se acalmava quando eu a pegava nos braços.
Ali eu chorei um choro de quem caiu a ficha. Eu era mãe, minha filha já me amava e eu pedia a Deus para me ajudar a ser uma boa mãe. Chorei muito. Dormi. No dia seguinte, já estávamos, Jonison e eu, apaixonados pela nossa filhotinha.
Eu lembrei de tudo isso enquanto, ao mesmo tempo, chorava de felicidade pelos passinhos da Laura e refletia sobre o amor. Cara, o amor é um sentimento muito louco! Transformador. Revolucionário! Sou grata a Deus e a Laura por me darem a chance de sentir esse amor, que chega doer no peito de tanto que é forte.
Eu tenho certeza que ainda vou chorar muito nessa minha caminhada de mãe. E peço a Deus que seja sempre de alegria. Já estou chorando novamente, enquanto escrevo esse relato. kkkkkk
Laura, minha filha, este Natal com você em nossas vidas, foi maravilhoso! Obrigada pelo lindo presente que nos destes. Que mamãe também possa te presentear com amor, apoio e ensinamentos pra você levar na sua vida. Te amo demais!!