Laura fez 3 anos

Independência, desapego, desmame e pequenas quebras de padrão

Faz 3 anos que 30 de janeiro passou a ser o dia mais importante em minha vida.

Eu ainda consigo me lembrar de vários detalhes do dia em que a Laura nasceu, desde a hora em que estava internada, evitando as contrações, até a hora de dormir com um bebê no moisés ao lado, ainda assustada com toda aquela novidade. O tempo vai passando e vamos nos esquecendo de muita coisa. Em tempo de celular com câmera e redes sociais e na correria do dia-a-dia (ainda não fiz álbum de fotos impressas), as coisas parecem tão efêmeras.

A gente vai sendo carregada pelo turbilhão de coisas que permeiam a vida (trabalho fora e dentro de casa, cansaço, atenção à marido e filha, tentativa de levar uma vida saudável e de fazer outros projetos) e, quando para pra pensar, tanta coisa já mudou na vida do pequeno ser que trouxe ao mundo…

O que não muda é o aprendizado constante que a maternidade proporciona. E o último ano foi, de fato, desafiador. Foi a fase da “birra”, que irrita e faz a gente pensar “e agora o que que eu faço, pelo amor de Deus?”. O sentimento de culpa aumenta ainda mais porque, no meu caso, li vários livros para entender essa fase da criança e como lidar com ela. Aí na hora do “vamos ver”, nem sempre consegui colocar em prática. Várias vezes pensei: “Preciso ler tudo de novo”.

Graças a Deus, outra coisa que não mudou foi a oportunidade de partilhar experiências em grupos virtuais de mães. Com o arrefecimento da pandemia, no final de 2021, deu para fazer três encontros virtuais. Mas agora não dá mais, por enquanto… Conversar com outras mães continua sendo a melhor forma para não se crucificar por conta da culpa materna.

O amor de Laura por mim e o meu por ela não muda. O que mudou nessa fase já próximo dos 3 anos é que ela às vezes me rejeita porque está mais grudada com o pai. Bom, pra isso eu já estava preparada, graças à leitura do livro “A maternidade e o encontro com a própria sombra”, da Laura Gutman. Dá um ciuminho no começo, afinal, de repente você já não é mais a pessoa preferida da vida do filho, mas também dá um alívio porque a criança não fica mais o tempo todo pedindo tudo só pra mãe.

Laura também ficou mais independente. Nesse último mês antes de completar 3 anos, ela já escolhia a própria roupa e começou a querer vestir a roupa sozinha. Um belo dia ela me surpreendeu. Enquanto eu fui no meu quarto, buscar algo depois do banho, quando voltei ao quarto dela, já estava de pijama! Toda feliz mostrando que havia conseguido sozinha. Nesse dia eu até chorei de emoção ao ver o quanto ela estava crescendo e se desenvolvendo. Passou um filme na cabeça, lembrando de quando ela era recém-nascida e eu ainda estava limpando coto umbilical toda vez que trocava fralda.

O último mês antes de completar 3 anos também foi decisivo em relação à amamentação. Desde quando ela completou 2 anos eu queria iniciar o desmame, mas fazia nada para que isso acontecesse. Queria que ela parasse por conta própria, mas ela nunca demonstrou interesse em parar de mamar. Muito pelo contrário, voltou a acordar de madrugada para mamar e eu estava extremamente estressada e cansada com tudo isso. Os detalhes desse processo vou deixar para outra publicação. Só vou dar o spoiler de que hoje ela se contenta em dormir abraçada comigo.

Nossa festinha de aniversário e pequenas quebras de padrão

Neste domingo (30), organizei uma pequena festinha pra Laura. Com tudo o que ela tem direito, mas com somente 5 convidados presentes (tia, tio, primas e uma amiguinha). Queria ter chamado mais gente, mas o terceiro pico da covid-19 em Cuiabá não deixou.

O tema da festa foi dinossauros. Não tive dúvidas na hora de escolher porque é o que mais a Laura gosta, no momento. Pede para ver desenhos, tem vários bonequinhos, foi na exposição de réplicas gigantes de dinossauros quatro vezes, imita dinossauro até na hora de comer! Kkkkkkk

Na hora em que a decoradora foi lá em casa montar tudo, contou que era a primeira vez que ela usava aquela decoração em festa de menina e falou aquilo um pouco abismada por ver que Laura realmente era fã.

Na hora da festinha, pelo segundo ano consecutivo, servi deliciosos docinhos sem açúcar (beijinho de abacaxi com coco e brigadeiro de banana e cacau). Os convidados não gostaram muito porque não estão acostumados, mas minha intenção era servir algo diferente, que mostrasse que dá para ser saudável, tanto que para beber também tinha suco natural. Ainda falando em comida, surpreendi uma das minhas irmãs com o fato de um rapaz ter feito o bolo de aniversário maravilhoso, que fez a Laura vibrar de alegria, ao tirar a tampa da caixa (devia ter filmado a reação dela).

Outro padrão com o qual me deparei em decorrência de uma simples festinha de criança foi que a amiguinha da Laura quase não foi à festa porque a mãe estava preocupada com o fato de não ter comprado um presente. Oras! O presente que Laura esperava era poder brincar com as amiguinhas. Ela convidou apenas duas (além da prima) e nenhuma tinha chegado em casa ainda. Peguei a motoquinha e saí com Laura em direção à rua onde a menina e a avó da outra amiguinha moram, para ver se iriam ou não na festa.

Uma delas não estava na casa da avó, ok. A outra estava em casa. A mãe contou que ela estava doida para ir, mas como não tinha presente pra levar, ela acabou não deixando a menina ir… Falei que não precisava, que era só um bolinho e pedi autorização para levar e trazer a menina e ela concordou. A Laura ficou feliz da vida! Brincou com a amiguinha e com a prima. Ela amou tanto que até chorou quando foram embora…

No final da noite eu fiquei pensando em tudo isso que havia acontecido durante o dia. Mesmo sem querer querendo, Laura e eu quebramos vários padrões e impactamos diversas pessoas. Pelo simples fato dela ser uma menina que gosta de dinossauros, pelo simples fato de querer fazer festinha de criança com menos açúcar, pelo simples fato de ter comprado um bolo feito por um homem, pelo simples fato de não nos importarmos com ganhar presentes materiais e sim querermos manter o afeto como maior dádiva.

Tudo isso mostra que criar um filho é muito mais do que podemos imaginar. É construir um mundo novo através das pequenas atitudes (que acabam se mostrando grandes). Sou extremamente grata a Deus por me dar essa chance de, mesmo sem estar militando como fazia antes, poder colaborar com um mundo melhor, simplesmente deixando minha filha ser feliz com o que ela gosta, prestigiando as novas ideias que pessoas empreendedoras nos proporcionam e priorizando a simplicidade da vida. Isso é ser criança! Isso é ser humano!

Eu posso estar sendo constantemente atropelada pela correria do cotidiano, mas, por favor, Senhor, não me deixe perder a habilidade de enxergar a importância desses detalhes! Laura, minha filha, que você continue sendo essa mestra em minha vida, minha filha, minha mãe, que me faz renascer a cada dia, me impulsionando a ser alguém melhor. Eu te amo e te desejo toda a felicidade do mundo! Feliz 3 anos de vida!!!