1ª Saca MT: A beleza da amamentação em cena

Quem me acompanha nas redes sociais tem visto que, aqui em casa, estamos participando ativamente da programação da 1ª Semana de Arte e Cultura da Amamentação de Mato Grosso – Saca MT. E eu tenho feito isso com muita alegria porque, na correria do dia-a-dia, a gente amamenta nossos filhos sabe-se lá quantas vezes ao dia, desfrutamos desse momento tão gostoso de vínculo afetivo e biológico, mas de uma forma trivial.

Nesse evento lindo e maravilhoso, temos contato com a amamentação por um outro olhar, cheio de beleza e informação e também é a chance de sair de casa porque aquela vida de farra com os amigos na sexta-feira, depois do expediente, acabou, né! (risos).  Eu já postei aqui como foi o primeiro dia da Saca, em que foi exibido o filme Tigers. Vale a pena conferir! No segundo dia, sexta-feira (2), fomos inundados de encanto e espiritualidade através da voz da brilhante cantora Estela Ceregatti, dos instrumentos dos músicos, dos poemas de Jade Rainho e da expressividade corporal da bailarina Nancy Ribeiro, que, de forma muito propícia, trouxe a dança do ventre para interpretar músicas como “Maria, Maria”. Tudo a ver com o nome do show: “Força Mulher”!

Eu fiquei com medo da Laura chorar (como ocorreu no Cine Teatro) e resolvi sentar numa fileira próxima à saída. Mas ela se comportou muito bem! Revezou entre o colo do papai Jonison e o meu. Queria que a gente a segurasse em pé porque queria assistir ao show. Não desgrudou os olhos do palco. Até nas duas vezes em que deu uma pausa para o mamá, ela virava a cabecinha para assistir. Foi muito legal!

A Estela, muito sensível, contava um pouquinho da história de cada música, antes de cantar. Teve uma que era sobre uma mãe que carregava o filho em um braço e, com o outro, segurava uma sombrinha, em meio a uma paisagem de imenso verde, envolta por montanhas e floresta. Nessa hora, a Laura estava um pouco inquieta e resolvi levantar e dançar com ela. A música era tão bonita, mas tão bonita, que até chorei… Abraçada a minha filhotinha. Naquele escuro da plateia. Foi um momento do qual não esquecerei.

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No terceiro dia da Saca, sábado (3), fomos conferir a exposição de artes plásticas que ficará aberta até o final de agosto, no Palácio da Instrução. Chegamos atrasados e perdemos as declamações dos poetas e apresentações de dança, mas percorremos as salas e vimos esculturas, pinturas, fotografias e instalações de diversos artistas, todos com o tema da amamentação.

Por ser uma exposição coletiva, o público tem o privilégio de ter contato com muito mais visões, percepções e interpretações sobre o ato de amamentar. A díade mãe-filho está presente em quase todas as obras, cada qual a seu modo: mães brancas, mães negras, mães indígenas… Tem até a “Mãe du Céu”, uma peça que nos conduz a forma etérea da maternagem, algo sublime e elevado.

Mãe du Céu, Gilmar Xavier. Escultura: tecido sob armação de arame.

Infelizmente, havia poucas mães com seus filhos no público. Fizemos um mini mamaço com quatro mães e seus bebês em frente aos quadros, para deixar registrado que lugar de mulher amamentar é onde ela quiser. Temos que ocupar os espaços públicos com nossos filhos. E quando eles sentirem fome, não devemos nos envergonhar de colocar o seio pra fora e alimentá-los. Que se danem aqueles com pensamento impuro ou cheio de preconceito!

Todos viemos de uma mulher e tivemos que ser alimentados. O que seria de nós se nossas mães deixassem de nos alimentar por causa do olhar reprovador dos outros? Estaríamos mortos ou teríamos enfrentado problemas de saúde, certamente.

Outra coisa que me deixa triste nessa Saca é a ausência da participação de mães da periferia, mães adolescentes, mães com baixa escolaridade, mães trabalhadoras. Espero que na próxima edição, o evento se expanda para os bairros para atingir cada vez mais público. É para se aplaudir a iniciativa da organização, mas também é complicado para uma mãe que trabalha o dia inteiro e gasta 2 horas para chegar em casa, de transporte coletivo, ter que se arrumar, arrumar os filhos e voltar para o centro da cidade. Por mais que ela queira, o cansaço e, às vezes, a falta de condições, falam mais alto. E são essas mães que mais precisam receber as informações que estão sendo disseminadas com a Semana de Arte e Cultura da Amamentação.

Bom, eu não sei se vocês gostam, mas eu amo e gosto de ter contato com a Arte porque acredito que ela nos torna humanos mais completos. É por isso que estou levando a Laura em todas as oportunidades que surgem, para ir desenvolvendo o cérebro dela. Quero que ela seja uma pessoa inteligente, sensível e culta. Convido quem está lendo a participar também da Saca. Ainda vai rolar oficinas esta semana. Eu pretendo participar da oficina de massagem para bebês, que vai ser nesta segunda-feira (5).

Se você não está em Cuiabá, procure na sua cidade as atividades ligadas ao Agosto Dourado, cujo calendário é nacional. Você vai encontrar muita informação útil para seguir na lida maternal da melhor forma possível. Acredite: quando estamos bem informadas, nos sentimos muito mais seguras para enfrentar os comentários e palpites sem embasamento e sem noção que aparecem de todos os lados, principalmente em relação à alimentação das nossas crias.