Olá, meninas! Tudo bem com vocês?
Eu ando sumida aqui do blog. Faz um bom tempo que não consigo manter a rotina desejada de produção de textos e publicações. Às vezes, dou uma aparecida nas redes sociais (sigam-me, please!), mas isso não tem me deixado satisfeita e este post é sobre isso e sobre as causas disso.
Acredito que muitas mães irão se identificar: não é só o blog Minha Filha, Minha Mãe que tem ficado um tanto quanto de escanteio na minha vida, é uma boa parte de mim mesma. Eis alguns exemplos: virou comum agora eu chegar a ficar uma semana sem lavar o cabelo, o que faz eu me sentir feia e ir dormir desgostosa e bem afastada do meu marido porque passou mais um dia e eu continuo com o cabelo sujo. Não me lembro quando foi a última vez que fiz a sobrancelha (que está quase uma taturana). Preciso urgentemente de uma manicure. Meu creme antiidade acabou logo depois que a Laura nasceu (ela já está com 7 meses e meio) e eu ainda não comprei outro. Não consigo tomar um banho completo e tranquila há tempos.
Esse sentimento de que não sou mais a mesma pessoa chegou com o nascimento da Laura, mas essa percepção de que eu estou ficando de lado na história da minha própria vida começou há cerca de um mês mais ou menos, desde quando a Laura começou a engatinhar (na verdade, se arrastar) e os cuidados em torno dela tiveram que ser redobrados. Ela é muito ativa, passa boa parte do dia se movimentando pela casa, seguindo a gata e puxando o rabo dela, brincando, querendo pegar em tudo, chacoalhando a perna da cadeira, querendo colocar pano de chão na boca, etc, etc, etc…
Tudo isso é maravilhoso! Sinto-me orgulhosa e feliz ao ver minha filha se desenvolvendo saudável e com tanta energia, mas, se antes eu já não conseguia fazer muita coisa, seja no cuidado da casa, seja no meu autocuidado, agora é que ficou mais difícil ainda! Se Laura nunca se machucou e teve que ir para o hospital até hoje é porque cuido muito bem dela!
O pior é que mesmo não tendo tempo de cuidar da casa, agora é que os serviços aumentaram ainda mais! Isso porque tenho que manter a casa limpa e organizada para que Laura possa se arrastar pra lá e pra cá em um ambiente higienizado. Eu costumo passar o esfregão no apartamento todo no final da noite para que, no dia seguinte, quando Laura acordar, ela já possa ir para o chão.
E não é só isso! Desde os 6 meses de idade, faço comidinha diariamente para Laura. Há duas semanas, ela começou a jantar, ou seja, a rotina ficou mais apertada ainda. Mal termino de servir a fruta da manhã, já tenho que pensar no almoço. Depois do almoço, eu peno – sem sucesso – tentando fazer a Laura dormir. Não demora muito tempo, já está na hora da frutinha de novo e logo vem a hora da janta. Para quem não tem filhos, pode parecer simples, mas não é. Em cada refeição, passo cerca de 30 minutos apenas tentando fazer a Laura comer. Ela ainda está aprendendo, experimentando, então, sou muito paciente e fico o tempo que for necessário nessa atividade. Antes e depois disso tem trabalho: fazer a comida e limpar a sujeira que fica para que, na próxima refeição, a cadeirinha, a bandeja, os talheres, tudo esteja limpo.
Mas quem disse que é apenas cozinhar e limpar? Tudo isso é feito no intervalo entre os pedidos por atenção e colo da Laura, que muitas vezes chora e até grita para conseguir o que quer. Às vezes, deixo ela no meio dos brinquedos, na sala; ou na cadeirinha, ao meu lado, na cozinha, para que ela se acalme. Mas não é suficiente.
Teve um dia que deixei ela chorando um pouquinho para fazer a comida e ela veio se arrastando da sala até a cozinha, chorando e gritando, com o nariz já escorrendo. Quando eu a peguei no colo, demorou pra ela parar de chorar. Ela estava soluçando. Eu me senti péssima!
Resumindo: só o colo e o peito a deixam satisfeita. E, como eu já disse aqui no blog, eu prezo muito pela construção de um apego seguro da minha filha para comigo e isso passa pela minha rápida resposta aos anseios dela por colo e não deixar ela chorando, sem consolo.
Outro dia comentei na fanpage do blog que suspeito que Laura já esteja naquela fase da angústia da separação, período em que os bebês descobrem que eles e as mães são seres separados e têm medo de perdê-las quando não as têm por perto. Nessa fase, eles ficam mais “pegajosos”, grudadinhos com a mãe. O sono, a alimentação, a rotina da criança fica alterada por conta de toda essa necessidade que o bebê tem pela mãe. Eu percebi isso em uma semana em que meu marido viajou e ficamos somente Laura e eu em casa, de segunda a sexta-feira.
Jesus! Eu achei que não daria conta! Na quinta-feira a noite eu fui dormir chorando de cansaço porque Laura estava tão apegada a mim que eu mal conseguia fazer a comidinha dela, meus banhos eram com ela no braço (um perigo, fora que a gente não se limpa direito), dormia com ela pedindo peito várias vezes durante a madrugada… Enfim, me senti um caco! Quando chegou a sexta-feira, me senti vitoriosa por ter conseguido sobreviver sem qualquer ajuda.
Falando em ajuda, no último sábado (14), o encontro do grupo Supermães, do qual participo, foi sobre a importância do apoio às mães. Lá, muitas mães desabafaram sobre o quanto se sentem tristes, com raiva, cansadas, estressadas por terem que ouvir tantos pitacos, tantas opiniões alheias, mas não poderem contar com a ajuda dessas pessoas que fazem parte de seu convívio na mesma proporção, quando se trata da criação dos filhos.
Pelo contato que venho tendo com várias mães, desde que também me tornei uma, dá para perceber que existe dentro de nós uma cobrança muito grande para que a criação dos filhos seja a melhor possível. Mas, além disso, também queremos ser boas donas de casa, boas esposas, boas profissionais. Queremos ser a “mulher maravilha”. Mas a realidade é que ninguém é de ferro e, quando o cansaço bate, junto com ele vem a frustração, a raiva, a baixa auto estima, a culpa e tantos outros sentimentos que vão nos deixando com essa ideia de que estamos incompletas.
No meu caso, que não queria ser mãe, vem até pensamentos como “não foi isso que planejei pra minha vida”. Mas agora já era, rapidamente eu lembro que não dá pra voltar atrás e volto a fazer o que tenho que fazer. O duro é que esse tipo de indignação não ocorre por culpa da Laura, mas das situações domésticas e da forma como elas estão afetando minha relação com meu marido.
Eu sei que ele trabalha fora e chega cansado em casa. Mas eu passo o tempo inteirinho trabalhando em prol da Laura e da casa e, mesmo assim, quando ele chega, ainda tem muita coisa para fazer e aproveito que ele fica com a Laura para organizar tudo. Sou a última a dormir, mas, mesmo assim, ele reclama que dorme pouco (e já até me culpou por isso). Passo o dia todo grudada com Laura, mas, na hora de tomar o único banho do dia, se ela chora, ele vem abrindo a porta do banheiro e fala: “Chama a mamãe, chama”.
Acho que ele não faz ideia do quanto isso faz eu me sentir culpada por deixar minha filha chorando. Eu apresso o banho e vou ao socorro da minha filha. Mas, o lado racional do meu cérebro me diz que eu não tenho culpa de nada, que eu tenho direito a um banho decente e que ele é que tem que se esforçar para consolar a Laura. Ele não está me fazendo favor algum! Ele é o pai dela!
Nesse último encontro do Supermães, fomos colocadas a pensar em com que frequência ouvimos palavras de ajuda, encorajamento e reconhecimento na nossa jornada na maternagem. Algumas das frases mostradas eu até recebo, como: “Você está fazendo um bom trabalho”. Depois de tanto falar, eu também ganho um copo com água enquanto amamento. Mas eu preciso de mais! Preciso de um tempo, mínimo que seja, para mim. Para ser outra coisa, além de mãe.
Eu criei este blog para isso e nem dele estou conseguindo cuidar direito! Sinto-me frustrada por isso. Às vezes a Laura pega no sono por volta das 1h30 e eu penso: “Vou escrever”. Mas estou tão cansada que acabo preferindo ir dormir mesmo porque sei muito bem que ela não é de cochilar durante o dia e eu preciso ficar ao lado dela e atenta durante o dia inteiro.
Queria ter uma relação melhor com meu marido, mas o lado da dona de casa e da mãe estão falando mais alto, fazendo eu virar a mulher chata que só sabe mandar e reclamar.
Tá triste, meninas. Eu fico muito chateada por escrever isso, mas é a verdade. Sinto que estou sendo uma boa mãe e fico extremamente feliz com isso. Mas também sei que preciso ser melhor esposa, mas não estou conseguindo porque quero fazer tudo e não peço ajuda. Quando peço, passo raiva porque as coisas não ficam do jeito que eu gosto ou porque simplesmente não são feitas.
E tem vezes que faço tudo se pedir ajuda, mas ainda ouço reclamações de que está tarde e a Laura só dorme comigo, de que tenho que achar um momento oportuno para fazer as tarefas domésticas, de que tenho que descansar. Só que se eu descansar, ninguém mais vai fazer o que tem que ser feito e eu vou ficar com raiva e frustrada do mesmo jeito.
De ontem pra hoje, por conta de uma situação dessa, eu deixei de limpar o apê para ir fazer a Laura voltar a dormir. Depois, fiquei pensando nisso tudo, no quando me sinto chateada por não dar conta de tudo, de ter deixado meu lado esposa de lado, meu lado escritora de lado, meu lado vaidosa (que já não era essas coisas) de lado e resolvi escrever, pelo menos para retomar meu lado blogueira. O chão da casa vai ficar pra quando acordar. Depois vou tentar depilar as pernas e quem sabe, a noite eu consiga ser uma mulher um pouco mais agradável para meu marido.
Vocês também se sentem assim? Eu tenho quase certeza de que não sou a única no mundo e, só por causa disso, tomei coragem para fazer esse desabafo. Posso gerar outros conflitos com esse texto, mas no momento estou sem grana para voltar à terapia, então, o que me resta é contar com o apoio de outras mulheres e mães que, com certeza, vão conseguir me entender muito mais.
E, claro, muito mais forte e arrebatador, eu sei que, por mais que precise exercitar minhas outras facetas, posso encontrar na minha relação com a Laura, no sorriso dela, no amor e apego que ela tem por mim, a força para seguir lutando para ser cada dia melhor! E assim, mesmo com toda a dificuldade, um lado de mim vai se encaixando no outro, como num cubo mágico. Uma hora eu consigo essa façanha!
Vc nãi esta sozinha Celly! Tem um ditado que fala que para criar uma criança precisa de um vilarejo e é verdade mas hj em.dia eu vejo que muitas vezes não é assim mais. Ficamos sozinhas fazendo a tarefa mais importante do mundo, criar um filho, quando antes era familia toda, vizinhos, amigos que se reuniram para ajudar. Quando Alice nasceu eu tive mais ajuda mas depois de tipo 2 semanas a ajuda foi diminuindo. Eu choro para meu marido de frustração as vezes quando não aguento mais. Ele me apoia e me ajuda mas sempre volta a rotina de ficar com Alice o dia inteiro, eu sozinha, enquanto resolvo as coisas de casa. Eu te entendo completamente mamãe amiga. E nós merecemos, no mínimo, mais ajuda e um banho tranquilo. No mínimo.
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Ai, Anna! É tão triste saber que isso acontece com a maioria das mães, sabe… As pessoas ainda precisam evoluir bastante para voltar a essa cultura de acolher e amparar as mães. Enquanto isso, a gente vai lutando com o que tem.
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Querida Celly! Você não está sozinha!! Todas sentimos O MESMO! Uma sensação que nada que fazemos é suficiente. Mas você está dando O SEU máxino!! O resto a “rede de apoio” deveria dar conta, mas está TE faltando… Não deveria estar sozinha. Não deveria faltar rede de apoio. Embora todas sejamos SUPER MÃES, não deveria ser tão difícil criar os filhos. Que bom que vc teve tempo para esse desabafo e, assim, temos como te “afagar”, mesmo que a distância….
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Sim, Gisele, se não fossem as mães que me apoiam mesmo que de forma virtual, não sei como aguentaria… Muito obrigada a todas vcs e que todas tenhamos o apoio verdadeiro e presente que precisamos!!!
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Estamos juntas Celly, tenho refletido mto sobre essas cobrancs tods que vivemos, no eh justo conosco! Desabafe mesmo, sempre ue precisar! E so p lembrar tudo bem no dar conta de tudo…escolhs o essencial por eqto. Logo tudo vi entrando nos eixos.
Me sinto extamente como vc descreveu, sinta se abraçada.
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É um passo de cada vez, né? Vamos tentando, mudando as táticas, nos desconstruindo, tirando um pouco essa capa de supermulher e assim seguimos.
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ô minha linda.. Sei bem o que você está passando.. Mas se eu posso dar um conselho, digo apenas que as coisas vão melhorando e se adaptando.. Ela vai crescer e se tornar mais independente e o tempo “livre” vai começar a surgir.. Não damos conta de tudo mesmo e tá tudo bem.. Não deixe de conversar com seu parceiro e dizer oq sente e o que te aflige, por mais que ele não entenda, pelo menos saberá que não está tudo sob controle. A impressão que tenho é que eles acham que damos conta de tudo pq nós simplesmente fazemos sem reclamar, então fale.. peça ajuda.. se não ficou do jeito que vc queria, tudo bem, uma hora vc vai fazer do jeito que quer.. Ela vai progredir e vc também e nesse ciclo você vai construindo uma rotina de vocês..
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